Coluna
da Erika Suzanna Bányaierikarapunzel@gmail.com
23/dez/2010
Qual o significado de tudo isso?
Mas o que é mesmo que estamos comemorando?
O nascimento de Jesus!!!!!
E
de onde vem essa figura gorducha, de longas barbas e cabelos de algodão,
buchechas rosadas, olhar bonachão, vestido de vermelho com mangas
e golas arrematadas com arminho branco, de botas de sete leguas, cinturão
de couro largo, num trenó puxado por renas, trazendo um imenso saco
cheio de nossos sonhos e desejos?
Me
lembro quando era criança e via toda a preparação de
dezembro, via as ruas de Lagoa Santa sendo enfeitadas, a cidade se enchendo
de luzes, as lojas todas enfeitadas por dentro e por fora! Mas hoje, vejo
poucas luzes na cidade... as lojas não estão mais 'vestidas'
por fora...
As
famílias montavam suas árvores de Natal de um jeito muito
diferente de hoje, aquelas sim eram árvores estilosas, não
esses protótipos artificiais e repetidos... As árvores de
Natal naquela época eram de pinheiro de verdade, perfumando a casa
toda, ou feitas de galhos secos buscados nos cerrados de nossa cidade.Era uma farra procurar as galhas ideiais, pintá-las com tinta prata e depois envolvê-las com algodão e por fim pendurar as fragílimas bolas de vidro (você se lembra ainda delas? Eu mesma guardo os últimos remanescentes!)
Cada casa criava penduricalhos artesanais, não exisitia as lojas de "1,99R$" com aquele monte de enfeites industrializados de plástico...o gostoso era ir ver a árvore do vizinho, da tia... de olho nos enfeites diferentes (guardo um monte também deste tempo, vc já viu um papai noel feito de caroço de manga?
Invenção de minha vizinha Mariza) e, ah! aquilo que era "Árvore de Natal"! Não existiam ainda os pisca-piscas, isso era artigo de luxo de ricaços, importado dos Estados Unidos...
Na nossa casa por exemplo, existiam uns pregadores de ferro com sulcos onde depositavamos velinhas e as ascendíamos cantando pro Menino Jesus.
As
velas, hoje substituídas pelos pisca-piscas (bem mais seguros, ou
menos perigosos) representavam as estrelas do firmamento. Você sabia
disto? Alguém ainda sabe disto além de mim? Só sei
que árvore sem pisca nem árvore de Natal é mais! As
luzes sempre fascinaram os homens...Mas, ninguém canta mais ao ascender
o pisca... ou será que canta? Só sei que na casa de minha
querida amiga D.Natividade (nome sugestivo, heim!) eu encontrei uma árvore
feita com galho... meus olhos se encheram de lágrimas, pois lembrei
das árvores que D. Caçula Alves fazia... eu não entendia
naquela época o que tinha a ver o algodão, achava bonito e
misterioso. Mas por que mesmo o algodão, gente? Ora ora, pra imitar
a neve! É cada uma né? Acho que nem ela sabia ou sabe o porque
do algodão. Igual o Papai Noel... nada haver com país tropical,
mas dá pra imaginar Natal sem o Bom Velhinho?E onde estão as luzes de Natal de nossa cidade? Nem parece que é Natal!
A
Praça Dr. Lund este ano recebeu uma iluminação, mas
o resto da cidade está às "escuras"...As casas não estão se enfeitando! A gente percorre a cidade, os bairros e quase não vê as simpáticas luzinhas... As lojas do Centro também não têm luzes!
Percorrendo as ruas de Lagoa Santa, na Várzea, por exemplo, minha mente abre o baú das recordações e vejo lá o jardim da casa de D. Romildes: um Papai Noel lindo sentado num trenó puxado por renas de isopor... este ano só na memória posso ver!
Na Vila do Oficiais... e... é claro, um marco refererencial para minha memória: a linda chaminé de tijolinhos... para mim, historiadora, já um patrimônio cultural de minha cidade. Lá não falham as luzes de Natal! Quando vejo-a iluminada me dá aquela sensação forte: já é Natal em Lagoa Santa. A chaminé foi construída na década de 40: tratou-se de ser o "primeiro gerador de energia movido a lenha do mundo! Além dele só mais dois outros em toda a América!!
Os povos contam suas histórias através de suas festas, dizem que a natureza da alma de um povo se revela quando ele se reune para celebrar. As tradições são a maneira mais simples para cultivar hábitos e culturas... Natal, eis aí um belo momento para conhecermos nossas histórias passadas locais...
Quando sinto no "ar" a chegada do Natal, vem alegria e tristeza. A alegria que indubitavelmente o Natal traz - as cores, o panetone, o vinho, os enfeites cada vez mais sofisticados... aí vem justamente a tristeza e a saudade dos velhos tempos quando tudo era mais simples, sem falar que os avós, os pais estavam presentes. A gente era feliz e não sabia!
Natal em Lagoa Santa ha 20/30 anos atrás tinha um 'gostinho' diferente... as famílias, super tradicionais se reuniam todos na casa da matriarca mais velha da família...
Por exemplo, D.Eurita, linda, cabelos branquinhos e Vovô Tãozinho, carequinha... sorridentes, cheios de ternura com ajuda das filhas enfeitavam uma imensa árvore que mal cabia na sala, sua ponta ficava vergada no teto, preparavam as rabanadas, a mesa cheia de frutas colhidas no pomar, frutas tropicais tinham destaque na mesa de ceia. Toda a família convergia pra lá, os mais distantes... e quando todos chegavam mal cabiam na sala e o espaço era disputado com os presentes que se avolumavam debaixo da árvore. Gente! Era presente que não acabava mais, e eram aquelas coisas simples bolas, bonecas, piões, petecas...
Em outras famílias nativas o quadro era semelhante... os Abreu, os Batistas, os Soares, os Vianas...
Podemos
e devemos fazer de cada dia um Natal - nascimento e renascimento.O verdadeiro espírito do Natal é união, celebração, perdão, confraternização. Estar presente não só no Natal mas em todos os dias do ano, o Natal tem que ser todos os dias! O ideal é lembrarmos disto para que de fato nosso Ano Novo seja Bom e Próspero. Que tenhamos asas de anjos pra sobrevoar as mesquinharias! Vamos entrar verdadeiramente em Cristo e assim teremos dias melhores: um mundo que não pensa o mal não reproduz o mal.
Então,
Bom Natal, e um Ano Novo também, que seja feliz quem souber o que
é bem! São os meus desejos pra vocês, meus leitores!
E muito grata pela atenção que me deram durante todo o ano,
os cumprimentos recebidos pelos meus artigos, o apoio na causa do Museu,
no qual obtivemos uma vitória maravilhosa pra Lagoa Santa: a preservação
definitiva assegurada por determinação Federal do Patrimônio
Cultural/Arqueológico/Paleontológico para as futuras gerações
de Lagoa Santa e a construção do primeiro Centro de referência
arqueológica do Estado de Minas, financiado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na Lapinha!Abraço Fraternal e hasta la vista 2012!
-Temos uma linda lagoa central, mas não temos uma árvore de natal flutuante;
- Temos a linda Praça Dr. Lund, toda arborizada, mas até o momento não foi decorada;
- Temos muitas casas, mas poucas ornamentaram suas fachadas e jardins;
- Temos um comércio vigoroso e em franca expansão, mas poucas lojas investiram na ornamentação, mesmo com o apelo da ACIAS CDL LS.
- Temos uma linda matriz, uma linda torre, mas não vemos uma iluminação de Natal,
- Natal sem luz - Natal Asilo São Vicente de Paula - Depende de nós
www.lagoasanta.com.br
- revista virtual da cidade