Com o atendimento já comprometido e as crises que vem passando desde 2004, Hospital da Santa Casa não consegue atender à demanda

A explosão de crescimento em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nos últimos anos, com a implantação da Linha Verde – complexo viário que liga Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves –, a perspectiva de mudança da sede administrativa do governo do estado para a região Norte da capital e a ocupação desordenada em direção à Serra do Cipó vêm afetando serviços básicos, principalmente no setor de saúde do município.

O único hospital da cidade que atende a serviço de urgência e emergência, a Santa Casa de Lagoa Santa, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) não está dando conta de acolher todos que procuram assistência e a situação tem se agravado nos fins de semana, quando a população da cidade quase triplica com a chegada de sitiantes e turistas.

As consultas previamente agendadas para exames pré-cirúrgicos nem sempre são feitas e o acúmulo de pessoas no pronto-atendimento já causa preocupação. O caseiro José Antônio da Silva, morador da zona rural de Lagoa Santa, desde agosto do ano passado tenta fazer uma cirurgia. Com as mãos cheias de guias comprovando suas idas e vindas, teve os exames marcados para o início deste mês, mas o dia marcado para a consulta não era o mesmo de atendimento do médico.

Trabalhadora autônoma, Angélica Cristina Rodrigues, de 29, sofre com problemas de coluna, segundo ela. Durante três horas ela ficou sentada na sala de espera do hospital, sem atendimento. Sofrendo fortes dores, mal conseguia se locomover. “Cheguei, tinham duas pessoas na minha frente. Achei que seria rápido, mas ainda estou aqui.”

O secretário de Saúde de Lagoa Santa, Gilberto Neves, informou que o município repassa mensalmente em torno de R$ 180 mil (em duas parcelas) ao hospital conveniado para que faça o atendimento de urgência e emergência. Segundo ele, muitas pessoas procuram o serviço com problemas que poderiam ser resolvidos nos postos dos bairros. “Implantamos 100% do Programa de Saúde da Família (PSF).” Ele reconhece que o crescimento da população agrava o problema, principalmente a população flutuante, a dos fins de semana. “Isso acaba acarretando demora. Depois de uma triagem, os pacientes com problemas mais graves são atendidos primeiro, o que atrasa um pouco para os demais.”

O diretor administrativo da Santa Casa de Lagoa Santa, Leonardo Carlos Lacerda Campos também admite que há dificuldades para atender a todos. São 150 atendimentos em média, por dia. Nos fins de semana, a urgência e emergência recebe também pacientes de Conceição do Mato Dentro, Serra do Cipó, Santana do Riacho, Jaboticatubas, Vespasiano, Pedro Leopoldo e Belo Horizonte, em função do grande número de sítios na região. Belo Horizonte recebe os pacientes de ortopedia e, Lagoa Santa, os casos cardiológicos e respiratórios.

Para Leonardo Campos, o SUS paga mal. Em torno de R$ 4,70 por atendimento, e o hospital completa outros R$ 9. “A instituição não tem verba suficiente para contratar mais médicos. O problema de saúde no Brasil é a falta crônica de dinheiro no setor público, mas os interesses políticos não permitem investimentos, porque grandes redes privadas são financiadoras de campanhas políticas.”

fonte : texto - Jornal Diario da Tarde on line 10/07/2007

figuras: arquivos www.lagosanta.com.br

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