LAGOA CHEIA PODE NÃO SER UM BOM SINAL.
- Quanto maior o tempo de contato da água com o barranco maior será o desbarrancamento. Essa destruição pode ser vista com clareza nos meses de seca, agosto e setembro, quando a lagoa abaixa seu nível, cessando o desbarrancamento. É exatamente dessa maneira que as lagoas se acabam.

Felismente a prefeitura inicia a contenção dos barrancos com intensas erosões os movimentos das ondas em periodo de chuva, causado pelo aumento do nivel de transbordamento do vertedouro em direção ao corrego bebedouros, desde a decada de 1970.
sigam a seguencia das fotos e entendam as causas e efeitos da alteração nivel lagoa
no inicio da decada de 1970 subiram a parede do vertedouro

com continua erosão provocada pelas ondas os frágeis barrancos começaram a desabar e a lagoa inicia o ciclo de avançar em direção aos passeios

com a erosão mais acentuada no pé do barrando forma um balanço na parte superior. Neste formato a quebra é inevitável com aplicação de esforços no balanço.


 
 
Este alerta das agressões causando desequilíbrios no sistema da lagoa central é uma luta pertinente juntamente com o prof. Otto à 20 anos.
Demorou mas sabiamos que um dia a comunidade publica reconheceria.
 

quem quiser saber mais : leia a materia abaixo foi publicas em 2002
PROF. OTTO SYLVIO DE OLIVEIRA FREITAS
Ø Bioquímico, formado pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica, da UFMG, com especialização em Ictiologia, área que estuda os peixes. É um estudioso da química da vida.


-Há 6.500 anos atrás um estrondo enorme e um tremor de terra, sacudiu a região de Lagoa Santa.
A preguiça gigante, animal com três metros de altura, o tatu do tamanho de um fusca, o tigre dente-de-sabre, cujo canino media 20cm, bem como os homens pré-históricos que aqui viviam, devem ter corrido para suas cavernas e abrigos para se esconderem.
-Quando de lá saíram, depararam com um enorme buraco de forma triangular aberto no chão.
-O subsolo formado por rochas calcárias corroído pela ação das águas não suportou mais o seu próprio peso e ruiu fragorosamente. Assim provavelmente nasceu nossa Lagoa Santa.
-O buraco se encheu de água, em seguida vieram os peixes, os pássaros, os insetos e aí se estabeleceram.
-Era uma lagoa cheia de vida, com margens largas, planas, cobertas por uma vegetação luxuriante.
Podia-se andar em meio à relva observando as libélulas, as aves, como o maçarico, o irerê, o frango d’água, o jaçanã e a saracura em meio ao junco, vegetação que ocupava  todo o seu redor, segurando as margens com suas raízes.
-Mais para dentro da lagoa, os príncipes d’água com flores e folhas flutuavam sobre as águas transparentes, permitindo que nosso olhar penetrasse e visse muitos peixes e um tapete de algas verdes que lhe forravam o fundo.
-Espetáculo de rara beleza que conseguiu atrair  ilustres cientistas do outro lado do mundo para aqui se estabelecerem e projetar mundialmente o nome da nossa Lagoa Santa.
-Todos os anos no período das chuvas a lagoa se enchia e vazava seu excesso de água pelo vertedouro (saída d'água), formando um córrego que desaguava no Rio das Velhas. Os peixes subiam por ele para se reproduzirem, formando a piracema, bem como saíam em grande quantidade para retornarem ao Rio das Velhas, cumprindo assim o seu ciclo vital.
-No início dos anos sessenta o homem começou a interferir neste ecossistema até então estável. Foi introduzido um peixe vindo da África, a tilápia, que se alimenta de plantas e se reproduz muito.
Em 1969, em ato condenável, o homem fechou o vertedouro, impedindo que a lagoa vazasse. -Aumentou o nível da superfície da água em cerca de um metro. Não houve nenhum estudo de qual seria o impacto ambiental deste ato impensado, ou seja, como omeio-ambiente reagiria a esta mudança.
-A natureza deu o troco: aí está para qualquer pessoa ver.
Sem saída, a água foi obrigada, num abraço fatal, a subir um metro nas margens, inundando o terreno ao seu redor, a ficar aí parada, aumentando o seu diâmetro, impedindo que os habitantes continuassem a usar aquele espaço, outrorauma excelente área de lazer. Toda a vegetação da lagoa morreu afogada e apodreceu dentro d’água.
-Obrigada a ficar um metro acima do normal e permanecer nesse ponto, presa sem vazar rapidamente pelo vertedouro, como sempre acontecia, a água está solapando as margens, formando barrancos que desmoronam continuamente para dentro da lagoa, entupindo-a com toneladas de terra.
- Quanto maior o tempo de contato da água com o barranco maior será o desbarrancamento. Essa destruição pode ser vista com clareza nos meses de seca, agosto e setembro, quando a lagoa abaixa seu nível, cessando o desbarrancamento. É exatamente dessa maneira que as lagoas se acabam.
-Muitas árvores de grande porte, com a terra desuas raízes solapadas, estão prestes a cair. -Quando vêm as enxurradas das primeiras chuvas do ano, toda a imundície da cidade escorre morro abaixo para dentro da lagoa e fica lá presa. As chuvas que vêm depois já encontram a cidade lavada e mais limpa. Fica, portanto, bastante claro que se a saída d’água (vertedouro) estiver aberta, a água suja vai sair, primeiro empurrada pelas águas das chuvas, mais limpas que vêm depois e são as que devem ficar.
Essas mesmas chuvas são conduzidas para dentro da lagoa por manilhas e levam toneladas de terra, areia, cascalho e lixo de toda espécie. Não existem caixas para conter esses detritos.
-Com o vertedouro fechado, os peixes que mantinham a tilápia em minoria não entram mais. Aproveitando-se disso, ela se reproduz enormemente e come os ovos de outros peixes naturais, bem como vegetais que porventura tente renascerCom grande prejuízo ambiental, a piracema está impedida.
- Vale aqui dizer que existe um projeto sério, em andamento, o Projeto Manuelzão, que está tentando a duras penas recuperar a bacia do Rio das Velhas. A Lagoa Santa é um dos últimos locais viáveis onde os peixes podem se reproduzir e voltar para repovoá-lo.
- Pergunta-se então:
por que não abrir o vertedouro de maneira eficaz, restabelecendo o caminho para a piracema? Se aqui vier um só peixe e desovar, teremos entre cem a duzentos mil ovos, o que é absolutamente normal a muitas espécies. Certamente a natureza e o sofrido Rio das Velhas vão agradecer.
-Sem as margens e sua vegetação característica, alguns pássaros migratórios como omarreco irerê que vinha aqui em grandes bandos para fazerseus ninhos e daqui levar seus filhotes não têm mais abrigo nem o que comer.
- Para piorar a situação dos poucos que ainda vêm todos os anos, colocaram gansos e marrecões que estão alterando o meio-ambiente e que comem a pouca comida que resta para nossas aves aqui sobreviverem.
-Nesse ponto, vamos parar para refletir:
Será que não deu para perceber ainda que a água no nível errado em que está vai continuar desbarrancando a margem indefinidamente, enchendo a nossa lagoa de terra?
Por que não se abre o vertedouro definitivamente? Por que impedir a entrada e saída dos peixes?
Por que permitir a introdução de gansos que desequilibram o ambiente em vez de proteger irerês, frangos d’água, jaçanãs, saracuras e outros, que só ajudam a recuperar o ecossistema?
Por que entupir a lagoa com água até junto do asfalto, impedindo-nos de usar as margens, coisa que os homens fazem em 6.500 anos?
Por que não tentar replantar as margens com as plantas que ali existiam?
Por que não fazer caixas nas saídas das manilhas de esgoto pluvial para reter toneladas de areia, terra e lixo, que vêm com as enxurradas e entopem ainda mais nossa lagoa?
Não seria já o tempo de se reverter esse quadro tão desolador? Quem sabe não teremos uma lagoa cheia de vida, com margens largas, planas, cobertas por uma vegetação luxuriante, onde se possa andar em meio à relva, observando as libélulas, as aves...

PROF. OTTO
Ø
Começou sua carreira no Laboratório Jenner de Análises Clínicas, em Belo Horizonte, mas transformou-se em fabricante de barcos e é um lutador pela causa ecológica.
Ø Foi professor de Ciências na Escola Palomar Piagetiana em Lagoa Santa, sendo chamado com freqüência para dar palestras em escolas de Lagoa Santa e Belo Horizonte, organizações e instituições ecológicas sobre a situação dos ecossistemas aquáticos.
Ø Como presidente do Comissão Municipal de Defesa do Meio Ambiente - Codema de Lagoa Santa, durante 1992 a 1996, desenvolveu junto com a Bioma e a Prefeitura de Lagoa Santa um projeto de revitalização e recuperação da lagoa central. Ø Recebeu em 1996 a 'Medalha Peter Lund' por serviços prestados ao Meio Ambiente.
Ø Escreveu vários artigos para jornais sobre o problema das nossas lagoas e é autor do livro infantil interativo "Espelho D'água", que fala da degradação das águas pela ação de ocupação homem. Ø Participou também, como presidente, da Associação do Bairro Santos Dumont.
Ø Otto tenta utilizar os conhecimentos que obteve pela vida em prol de manter pura e limpa a lagoa que conheceu há 55 anos atrás, acompanhando com tristeza e luta sua paulatina - mas não irreversível - degradação.
Fonte: PROF. OTTO SYLVIO DE OLIVEIRA FREITAS escreveu para www.lagoasanta.com.br e para o Jornal O CORREIO DE LAGOA SANTA
na 1º quinzena de abril/2002
ilustração www.lagoasanta.com.br - reeditado em fev/2011


 
Clique aqui e veja o que já foi publicado:
Comentario,
-O assoreamento na Lagoa é um problema ambiental grave, nunca esquecido pela comunidade, mas o que vemos são loteamentos sendo implantados nas suas vertentes sem as obras de drenagem capazes de retererem os materiais sólidos transportados pelas enxurradas para sua bacia, basta chover que ruas e avenidas viram verdadeiros canais de águas a céu aberto.
22 abril, 2002
www.lagoasanta.com.br - revista virtual da cidade