A Lagoa do Sumidouro é uma das atrações da unidade de conservação, que a partir de agora integra o Sistema de Áreas Protegidas do Vetor Norte da Grande BH. Região é de grande importância histórica para Minas

PARQUE DO SUMIDOURO
Enfim, vira realidade
Com a entrega do complexo de obras e a restauração da casa Fernão Dias, espaço de 2 mil hectares sai oficialmente do papel, depois de uma batalha que se arrastou por 30 anos

No passado, grandes pesquisadores europeus desvendaram mistérios da paleontologia, arqueologia e espeleologia naquelas terras de solo calcáreo, responsáveis por paisagens únicas e de grande beleza. Terras onde o cerrado e a mata atlântica marcam presença e são testemunhas da coexistência do homem pré-histórico com a megafauna composta um dia por preguiças-gigantes, tigres-dente-de-sabre, ursos-da-cara-chata, tatus-gigantes, hipopótamos, entre outros animais extintos.

No presente, o Parque Estadual do Sumidouro, localizado no Bairro Quintas do Sumidouro, em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, abre suas portas à população para uma descoberta de riquezas e de conhecimento. Ontem, o espaço de 2 mil hectares saiu oficialmente do papel, depois de uma batalha que se arrastou durante 30 anos.

A cerimônia marcou a entrega do complexo de obras do Parque do Sumidouro e a restauração da casa Fernão Dias. O governador Antonio Anastasia (PSDB) assinou ainda quatro decretos de criação de unidades de conservação, que integram o Sistema de Áreas Protegidas do Vetor Norte da Grande BH. O secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, lembrou que o parque foi criado como compensação para a instalação do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, também na Grande Belo Horizonte.

“O terminal começou a funcionar, décadas se passaram e o parque ficou sem solução. Estamos cumprindo hoje um compromisso de longa data”, relatou. Segundo ele, foram aplicados quase R$ 40 milhões nos últimos três anos em regularizações fundiárias, desapropriações, iluminação de grutas e outras obras de infraestrutura, algumas ainda em curso.

De acordo com a presidente da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, o Sumidouro é o primeiro ato concreto do sistema de áreas protegidas da região cárstica. A expectativa é de que sejam criadas todas as 12 unidades prometidas ao Conselho de Política Ambiental (Copam) para a licença de construção do Centro Administrativo.

“Elas serão todas interligadas e, por isso, formam um sistema. O acordo foi feito, pois sabíamos que haveria o crescimento dessa região com a nova sede do governo e tudo poderia ser destruído”, afirmou.

PROTESTO Do lado de fora do parque, moradores da região protestaram. Faixas descreviam a insatisfação e pediam que os olhares também sejam voltados para os problemas sociais da área. Os ânimos se exaltaram e o Batalhão de Choque fez um cordão de isolamento na entrada.

O secretário-adjunto de Estado de Meio Ambiente e diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Shelley Carneiro, explicou que a população associou, erroneamente, o parque a uma ação comandada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelo Ministério Público Estadual, há pouco mais de um mês.

Durante a intervenção, uma das pedreiras em funcionamento na região foi fechada. Segundo as autoridades, ela não tinha autorização e dispunha de péssimas condições trabalhistas e humanas. “Com a estrutura que temos, podemos discutir com a população e ver o que é possível fazer, mas sempre com a anuência do Ibama, por se tratar de uma área federal e de grande sensibilidade. Nós nos propomos a negociar e a fazer a intermediação das licenças das pedreiras, de forma a compatibilizar as necessidades sociais com as ambientais”, afirmou Shelley Carneiro.

Junia Oliveira
fonte: Jornal estado de Minas - 14/06/2010
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